Maracanã teve greve, atrasos e enfrentou desconfiança da Fifa, mas agora está 95% pronto. O clima no Maracanã já foi de pessimismo, com greves de operários e sucessivos atrasos no cronograma de obras nos últimos meses. Pressionado pela Fifa, o governo fluminense agora parece ter encontrado o rumo certo para concluir as obras do estádio a tempo da Copa das Confederações.
Pela última medição da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), divulgada na terça-feira (2), a arena está com 95% das obras finalizadas, faltando cerca de 20 dias para o primeiro jogo previsto no calendário de testes da Fifa.
Empregando 6,7 mil operários no canteiro, de longe o maior contingente em uma obra da Copa, o consórcio construtor formado pelas empresas Odebrecht e Andrade Gutierrez sabe que não há tempo a perder. No momento, a cobertura está 80% pronta e mais de 40 mil assentos foram colocados. A marcação do gramado e a instalação das traves deve acontecer na próxima semana, bem como a montagem final dos telões –são quatro ao todo, com 98 metros quadrados cada um.
O novo Maracanã deve ser concluído no dia 27 de abril, a tempo do jogo-teste entre os amigos de Ronaldo e de Bebeto. Uma outra partida experimental, ainda sem equipes definidas, deve acontecer no início de maio.
A data, no entanto, foi esticada em pelo menos três oportunidades. Mesmo sob reprovação da Fifa, em nenhum momento o estádio das finais da Copa das Confederações e da Copa do Mundo correu sério risco de ser excluído.
A entrega das chaves do estádio à entidade acontece apenas no dia 24 de maio, a poucos dias da estreia do Rio na Copa das Confederações, com México e Itália. Neste meio tempo, ainda há espaço para uma partida amistosa entre Brasil e Inglaterra, naquele que será o primeiro jogo oficial do novo palco, no dia 2 de junho.
Porém, nem tudo é alegria no Maracanã. Episódios recentes, como a expulsão dos índios que habitavam o prédio desativado do Museu do Índio, adjunto à arena fluminense (o espaço dará lugar a um novo museu) e a remoção de dois complexos esportivos reconhecidos e fundamentais para a preparação de atletas para os Jogos Olímpicos de 2016, o Parque Aquático Júlio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros, também anexos, causaram indignação em parcela da população.
Mobilidade bilionária
Chegar ao Maracanã não deve ser tarefa difícil para cariocas e turistas. Servido com as linhas do trem urbano e do metrô, o acesso ao palco da final da Copa do Mundo não preocupa tanto quanto a infraestrutura de transporte público, hoje precária, em regiões mais distantes do centro e da zona sul.
Por isso, o grande pacote dos megaeventos, que além da Copa do Mundo inclui a Olimpíada de 2016 na capital fluminense, traz a construção de quatro corredores de ônibus, os BRTs (Bus Rapid Transit), que, juntos, devem conectar as regiões norte e oeste ao resto da cidade, deixando um legado à população.
Somados, eles representam um investimento que ultrapassa a casa dos R$ 5 bilhões. Dos quatro ramais, só um, o BRT Transcarioca, representa um compromisso específico para a Copa do Mundo de 2014, de acordo com a última versão da Matriz de Responsabilidades.
O sistema de R$ 1,88 bilhao, que liga a Barra da Tijuca e o aeroporto do Galeão ao longo de 39 km de corredores rápidos, deve ser inaugurado até dezembro deste ano, segundo a Secretaria de Obras municipal.
Neste momento, as obras do BRT da Copa passaram dos 60% de execução, com destaque para a entrega de algumas das obras viárias, caso do viaduto Luiz Carlos da Vila, no último mês de março. A estimativa da Prefeitura é que o corredor, quando estiver pronto, beneficie 400 mil passageiros diariamente e diminua em 60% o tempo gasto no trajeto atual entre o aeroporto e a Barra.
Os outros BRTs, com previsão para ficarem prontos entre 2015 e 2016, também devem garantir melhorias no transporte urbano do Rio, mas ainda não deslancharam –a Transolímpica iniciou algumas obras em 2012 e a Transbrasil não foi licitada. A exceção é o BRT Transoeste (ligação entre a Barra da Tijuca e os bairros de Santa Cruz e Campo Grande), que inaugurou 40 dos 56 km em junho de 2012 e está, pouco a pouco, entregando novos trechos.
Já a expansão do metrô do Rio de Janeiro (a linha 4, ligando Ipanema à Barra da Tijuca), em obras desde 2010, custará R$ 8,5 bilhões, 70% a mais do que o previsto inicialmente. Sobre o metrô, no entanto, a exemplo de três dos quatro BRTs, não há compromisso algum firmado para a Copa do Mundo, pois a linha 4 deve entrar em operação apenas em 2016.
Entorno do estádio
A exemplo de cidades como Salvador e São Paulo, que não vinham planejando oficialmente melhorias nas imediações dos estádios da Copa, o Rio de Janeiro viu incluídas duas obras de mobilidade urbana no entorno do Maracanã na última versão da Matriz de Responsabilidades. São elas a Reformulação e Modernização da Estação Multimodal da Mangueira e o Projeto de Reurbanização do Entorno do Estádio do Maracanã e ligação com a Quinta da Boa Vista.
O primeiro projeto, a cargo do governo do estado, ainda não saiu do papel, mas deve virar realidade até março de 2014. Já o segundo, que prevê a criação de calçadões, ciclovias, urbanização do entorno e duas passarelas interligando os dois lados da linha férrea (arena e área das estruturas temporárias), está em obras desde 2012; o prazo final é janeiro de 2014.
Aeroporto: sem sustos
Um dos mais movimentados do país, o aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, no Rio, terá três mudanças até a Copa do Mundo. A reforma do terminal de passageiros 1, orçada em R$ 301,1 milhões, foi iniciada em agosto de 2012 e está 10% pronta, segundo dados da Infraero de janeiro deste ano.
A obra de recuperação e revitalização dos sistemas de pistas e pátios, por sua vez, está 60% finalizada e deve cumprir o prazo, que é outubro deste ano. Esta etapa está orçada em R$ 157,4 milhões.
A única intervenção que acende uma ponta de preocupação na Infraero é a reforma do terminal 2 de passageiros. Com várias frentes simultâneas, o espaço teve uma parte dele concluída, mas só deve estar 100% em abril de 2014, a dois meses da Copa do Mundo. O valor das reformas neste terminal é de R$ 354,73 milhões, segundo a estatal.
Quando todas as mudanças saírem do papel, o aeroporto de Galeão, estima a Infraero, poderá transportar 43 milhões de passageiros ao ano, mais do que o dobro da capacidade atual (17 milhões pax/ano).
Fonte: Portal 2014