Faltando três dias para que empresas entreguem propostas para assumir o controle do Maracanã, o governo do Rio de Janeiro mudou mais uma vez o edital da licitação do estádio. Desta vez, todas as alterações dizem respeito à relação que a futura concessionária terá com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016. As mudanças foram feitas três dias depois da divulgação de queixas do órgão à privatização do complexo esportivo. Na sexta-feira, uma reportagem da ESPN revelou que o Comitê Rio-2016 enviou ofícios ao governo do Rio de Janeiro informando que a reforma do estádio do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 não o deixará com todas as características recomendadas para que receba as cerimônias de abertura e encerramento da Olimpíada do Rio. Ofícios do Rio-2016 também dizem que algumas obras previstas no processo de privatização do estádio poderiam causar problemas à utilização do Maracanã nos Jogos de 2016. Segundo o comitê, os prédios de estacionamento que devem ser construídos perto de
onde ficam hoje o Parque Aquático Julio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros, por exemplo, não estavam no projeto do Complexo do Maracanã avaliado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Caso as obras sejam levadas adiante, elas podem “impactar no projeto operacional dos Jogos”, de acordo com os ofícios. Ainda na sexta-feira, o governo do Rio de Janeiro divulgou uma nota dizendo que o estádio estará pronto para receber a Olimpíada. Nesta segunda, entretanto, incluiu outros 13 pontos no modelo do contrato que será assinado com a empresa vencedora da licitação pelo controle do complexo esportivo para ratificar algumas obrigações que ela terá com o Rio-2016. Dentre as alterações na licitação, está a obrigação da concessionária do Maracanã de liberar a instalação de estruturas temporárias no Maracanã e as inspeções do Comitê Rio-2016 ou do COI. Também está previsto que o Comitê Rio-2016 terá “total controle comercial” do complexo durante a Olimpíada, podendo utilizar inclusive as estruturas instala
das no espaço pela concessionária, depois da privatização.
Procurado pelo UOL Esporte, o governo negou qualquer ligação entre as mudanças no edital de licitação e os ofícios enviados pelo Comitê Rio-2016 ou a divulgação de reportagens sobre os documentos. Segundo o governo, as alterações foram feitas para “para deixar claros os prazos de utilização do estádio pelo comitê”. Disse também que a mudança não altera a data para entrega de propostas pelo estádio. Em outra nota, enviada também na segunda, o governo informou que o estádio não será fechado para novas obras depois do fim da reforma para a Copa do Mundo. Segundo o governo, só obras no lado de fora do estádio e já previstas na licitação do Maracanã serão feitas após o Mundial de 2014. “Não haverá qualquer obra de modificação do estádio do Maracanã após a que está sendo agora finalizada – salvo as do Complexo (fora do estádio propriamente dito) e que constam como encargos do futuro concessionário”, informou o governo. O Comitê Organizador Rio-2016 não se pronunciou sobre as alterações no edital de privatização do
estádio. Informou, também em nota, que o estádio do Maracanã estará pronto para receber as competições da Olimpíada de 2016. Declarou ainda que as cerimônias de abertura e encerramento serão planejadas levando em conta as instalações que o estádio terá após o fim de sua reforma para a Copa. “Eventuais adaptações no estádio para as cerimônias de abertura e encerramento serão feitas, apenas, por meio de instalações temporárias”, complementou. Outra mudança Essa não é a primeira vez que o governo do Rio de Janeiro altera o edital de privatização do Maracanã. No final de março, ele abriu um segundo período de visitas técnicas ao complexo esportivo dois dias depois do MPF (Ministério Público Federal) e do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) entrarem na Justiça para suspender a privatização do espaço. Promotores e procuradores alegavam que, entre outras coisas, o período para visitas aberto pelo governo criava dificuldades para que empresas concorressem na licitação. O prazo dado inicialmente era curto, se
gundo os membros do MPF e MP-RJ. Já as exigências do governo para participar das visitas reduziam as chances de companhias interessadas participarem da licitação. Na época, o governo também negou que a mudança no edital tinha sido motivadas pela ação do Ministério Público. Informou que uma empresa havia solicitado a alteração e, por isso, ela foi feita. Ainda no final de março, a Justiça negou o pedido de suspensão da licitação do Maracanã feito pelos promotores e procuradores da República. Na quinta-feira, portanto, o governo deve receber as propostas pelo estádio.
Fonte: UOL