Quatro importantes obras de São Vicente, no litoral de São Paulo, tiveram mais de R$ 20 milhões em investimentos há mais de três anos, mas até o momento nenhuma delas foi construída. Os vereadores da cidade pediram a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar o motivo da paralisação das obras.
As verbas para a drenagem de canais, construção de escola construção de teatro e de um novo centro de zoonoses no Parque Nova São Vicente, foram liberadas pelos governos estadual e federal. Com o grande número de obras paradas, e o grande valor investido, os vereadores vão votar o requerimento da CEI na próxima quinta-feira (23) para investigar o andamento das construções e punir os culpados.
A drenagem dos canais Alcides de Araujo e Lourival Moreira do Amaral para acabar com as enchentes no bairro Catiapoã beneficiaria 50 mil moradores, mas ainda é uma promessa. Já se passaram quase três anos do início dos trabalhos, e apenas 35% foram concluídos. A obra parou e parte do material está espalhada pelas ruas. Dos mais de R$ 13 milhões liberados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 5 milhões foram usados. “Quando chove muito a rua fica muito cheia. Não tem condições de ninguém passar, ninguém vai para a escola, tem que ficar todo mundo aqui”, explica a faxineira Maristela da Silva.
Os moradores da cidade reclamam que as obras não passaram de promessas. A entrega da Escola Municipal no Japuí, que seguindo o cronograma deveria ter ficado pronta em julho de 2011, é uma das preocupações dos munícipes. “Começou a eleição continuaram a construir, mas acabou a eleição, e acabou a construção. As crianças pagam pelo prefeito”, diz a atendente Tamiris Barbosa Passos. A jovem espera por uma vaga para o filho estudar.
Atualmente a escola está só no esqueleto. Da verba de mais de R$ 1 milhão do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, quase todo o dinheiro já foi gasto. Próximo ao local, seriam construídas as quadras esportivas, mas existe apenas um terreno abandonado. “A empresa que estava fazendo a construção carregou 15 caminhões de material para construção, e levaram para Santa Isabel, que é de onde eles são. Areia, pedra, bloco, madeira, tudo”, conta o aposentado Roberto Van Haagen Neto.
Os problemas foram apontados nas áreas de saneamento básico, educação e cultura. Um teatro começou a ser construído no bairro Parque Bitaru, que também não foi concluída. O Governo do Estado liberou quase R$ 5 milhões para a primeira fase das obras do teatro municipal. A primeira fase não terminou, mas o dinheiro já acabou.
O vereador Júnior Bozzella é o presidente de uma comissão especial de vereadores que fez um levantamento das principais obras paradas. A maioria são projetos executados pela empresa Termaq. “Ela é praticamente a detentora de 90% dos contratos de São Vicente, e tem causado sérios problemas para a nossa cidade. A gente precisa corrigir, apontar esses erros, e mostrar para a população os equívocos que ocorreram nas administrações anteriores. A atual administração, com apoio da casa de leis, possa corrigir esses problemas do passado e continuar administrando a cidade e colocando-a em um eixo de progresso”, finaliza o vereador do PSDB.
Nenhum representante da empresa Termaq quis fala sobre as denúncias. O ex-prefeito da cidade Tércio Garcia também foi procurado para comentar sobre o assunto, mas apenas o assessor dele foi encontrado. Até o momento o ex-prefeito não retornou a ligação.
Fonte: G1