Setor vê recuperação após isenção de imposto para financiar obras de infraestrutura no país
Projetos de infraestrutura não levados adiante, devido ao cenário econômico ou à falta de investimentos, tiram o fôlego do seguro de risco de engenharia, que garante ao construtor a cobertura de acidentes ocorridos durante a execução das obras.
Em 2012, a emissão de prêmios ficou em R$ 631,2 milhões, queda de 28% frente ao ano anterior, de acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O mercado estima, no entanto, que a modalidade alcance R$ 1 bilhão em prêmios neste ano, à medida que as obras forem executadas.
Rodrigo Belloube, diretor do departamento de property da resseguradora Munich Re, conta que, em 2007, a perspectiva era positiva devido à quebra do monopólio da atividade de resseguros e o bom panorama para o país.
No entanto, a crise mundial mudou o cenário e a contratação começou a cair —seguindo a retração econômica , tendo uma recuperação em 2011 por conta de dois eventos específicos, a cobertura de R$ 167 milhões para a usina Angra III e a de R$ 200 milhões para Belo Monte.
Agora, o mercado aguarda que saiam da gaveta grandes projetos, uma vez que o governo estimou um investimento na ordem de R$ 4 trilhões até 2016 dos setores público e privado, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “A história se repete e existe um otimismo, com muitas empresas montando operações no Brasil, porque não precisa de muito capital para atuar no país e porque não estamos sujeitos a grandes catástrofes, por enquanto”, afirma.
A redução do volume de prêmios não é causada apenas pelo entrave no lançamento de novas obras, mas também pelo aumento da competitividade — entre 2007 e 2012, 56 novas seguradoras passaram a atuar no país -, o que fez com que o preço do seguro de risco de engenharia representasse hoje apenas 30% daquilo que era praticado há dez anos, queda que, segundo o mercado, vai além do que é considerado razoável. “Cada negócio disponível gera menos dinheiro”, pondera Belloube.
Antonio Trindade, diretor da confederação do setor (CNSeg), acredita que a modalidade sofre pela burocracia, mas que este não é o maior entrave. “O maior problema é o risco-retorno do investimento nestes projetos e o governo está trabalhando nesta linha”, pondera. Na terça-feira, foi anunciada a isenção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para financiamentos de projetos de infraestrutura, em uma tentativa de atrair capital privado de longo prazo e impulsionar o crescimento econômico.
Enquanto isso, as seguradoras que atuam no segmento vão em busca de projetos para deslanchar a modalidade. No Itaú, a estratégia é procurar sinergias de negócios com o banco de investimentos do grupo (Itaú BBA), que atua em aconselhamento e estruturação de operações.
“Complementamos os projetos com os seguros de garantia e engenharia e diria que 70% das nossas operações vêm dessa sinergia e os 30% restantes, de corretores multinacionais”, pondera Trindade, também diretor-executivo de seguros do Itaú Unibanco.
Fábio Silva, superintendente de Riscos de Engenharia da Zurich Seguros, aponta que a estratégia é participar das grandes obras, seja independentemente ou em parceria com outros players. “São obras complexas e às vezes o risco é diluído.”
Fonte: Brasil Econômico